Dia da mulher - Kali a incompreendida
Kali
Deusa que no ocidente inspira medo, é um dos últimos arquétipos femininos furiosos de que ainda se tem notícia e conhecimento.
Esta deusa representa a natureza feminina totalmente livre e desprovida de condicionantes.
Ela é a energia feminina em toda a sua força e esplendor, terrivelmente destruidora e imparável, os três aspetos do ato cósmico, que se revelam na criação, na preservação e na aniquilação se manifestam.
Ela faz gestos que asseguram a ausência de medo (abhaya) e benevolência (varada), definindo perpetuamente a sua disposição mental mais profunda. Porém, em contraste, a sua aparência inspira sentimentos de espanto e terror, espalhando a morte com a espada nua que carrega nas suas mãos e alimentando-se de sangue que jorra dos corpos que mata.
Os instrumentos de destruição, para ela, são meios de preservação.
O seu caminho de passagem para a vida é através da morada que ela escolheu - o terreno de cremação, iluminado por piras queimando, cheio de ecos e gritos dos chacais e fantasmas que pairam sobre cadáveres.
O que define
Kali e também o cosmos que ela manifesta, é a fusão de contrários - não apenas
como duas coisas que existem juntas, mas como dois aspetos essenciais da
unidade.
Da morte nasce a vida, da mais profunda escuridão a mais brilhante luz.
Quando kali dança nas nossas vidas, ela destrói e queima tudo. É nessa destruição que o solo fertiliza de novo, criando espaço para que a vida floresça.
A sua lenda guarda sabedoria profunda, coloca a figura feminina uma postura ativa e agressiva.
Kali
demonstra o direito de não ser esposa, de não ser suave, de não ser maternal.
Ela não é suave. E Ela não é "esposa".
Por conta disso ela é temida pela sociedade, e tida como um exemplo do que a
mulher não deve ser. E por essa mesma razão,
a melhor expressão da energia feminina para celebrar o Dia da Mulher.
Um dia que não deveria ser necessário existir.